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Nordeste é campeão brasileiro na produção de uvas. Não é milagre…; leia opinião de Crispiniano Neto

Agricultura é uma das grandes vocações potiguares, mesmo em tempos de real processo de desertificação de parte do semiárido

Nordeste é campeão brasileiro na produção de uvas. Não é milagre…; leia opinião de Crispiniano Neto
Nordeste é campeão brasileiro na produção de uvas. Não é milagre…; leia opinião de Crispiniano Neto (Foto: Reprodução)

Anima-nos a notícia de que o Nordeste se tornou campeão em produção de uvas.

Quando se fala de desenvolvimento econômico no RN, vemos na linha de frente indústria, turismo e energias alternativas e tradicionais, cujas esperanças se renovam em mar e terra, como já abordamos. Mas queremos mesmo falar de agricultura, uma das grandes vocações potiguares, mesmo em tempos de real processo de desertificação de parte do nosso solo neste que é o semiárido mais produtivo do planeta.

Lembro Joelmir Beting discorrendo sobre as vantagens do Brasil na competitividade do agro mundial, justamente por ter o Nordeste semiárido. Os 8,5 milhões de km2 pulam 11 milhões agricultáveis por termos solos e clima onde, com aporte da irrigação, um mesmo hectare pode proporcionar três safras/ano, como em outras regiões secas, como Israel, Califórnia, Texas, Saragoza e parte da Austrália.

Tecnologia temos em plena execução aqui.

O Nordeste tem 1,5 milhão de Km2, com 1 milhão semiárido e o Norte de Minas, também no bioma Caatinga.

Falta plano de desenvolvimento com democratização da terra, da água e da tecnologia. O problema é a socialização e universalização de todos estes fatores de produção.

Como tudo que é bom neste país, tecnologias agrícolas de ponta, aqui já praticadas há décadas, não chegam para a imensa maioria, especialmente para os 82,6% de nordestinos da agricultura familiar.

Água temos muita, com especialidade no RN, com grandes barragens existentes e em construção, bem como no subsolo. A chegada das águas do São Francisco vai possibilitar a correção dos momentos de baixa de estoque em anos secos.

Temos vales fertilíssimos e uma imensidão de Chapada do Apodi à espera do pingo d’água salvador caindo na hora e no lugar certos, com tecnologia adequada para produzir tanto quanto os tão falados kibutzim, ora em clima de guerra.

Em 2015 o município de maior produção agrícola individual no Brasil foi São Desidério-BA, o que prova que o Nordeste tem potencial para vencer esta corrida.

O que é preciso fazer-se é o que o governo do RN está fazendo nesta parceria com a China para a mecanização da Agricultura Familiar, sem desprezar empreendimentos de grande porte. Para tanto tem duas secretarias, como no plano federal tem dois ministérios.

Além das máquinas, para os muitos “Com Terra” se faz necessário que chegue a irrigação e que o Consórcio Nordeste, sob a liderança da nossa governadora, levante a bandeira da energia rural a preço popular, pois os demais insumos nos são favoráveis.

Temos tecnologia, mas morremos no preço da tarifa da energia. Até a velha querida tarifa verde, hoje não passa de ilusão.

*Crispiniano Neto é poeta e jornalista

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