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Dia da Mulher: Histórias de resiliência de potiguares que representam a força feminina

Lutas e conquistas fazem parte da vida dessas três mulheres que inspiram

Dia da Mulher: Histórias de resiliência de potiguares que representam a força feminina
Dia da Mulher: Histórias de resiliência de potiguares que representam a força feminina (Foto: Reprodução)

Resiliência, inspiração e perseverança. São palavras que retratam uma data de luta histórica para as mulheres ao redor do mundo, o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. A data celebra as conquistas femininas ao longo do tempo, mas também relembra as batalhas diárias enfrentadas pelas mulheres em busca de igualdade e reconhecimento.
Para a diretora da Academia de Polícia Civil do Rio Grande do Norte (Acadepol/RN), Dulcineia Costa, ser mulher é sinônimo de resiliência. Delegada há 13 anos, ela aprendeu a enfrentar dificuldades tentando extrair lições que a ajudaram a se fortalecer na trajetória que trilhou. “As pessoas que tenho como referência e a própria Polícia Civil me ajudaram a enxergar a vida dessa forma”, compartilhou.
Ela conta que o caminho escolhido foi tão desafiador quanto gratificante, principalmente ao explorar áreas sensíveis que apresentaram a ela desafios, mas que também proporcionaram um conhecimento maior que os obstáculos encontrados. “Lidar com violência contra as mulheres, contra criança e adolescente, me fez entender mais sobre os grupos em situação de vulnerabilidade e me convocou a ter um olhar sobre eles. Em casos dessa natureza, não temos apenas um crime, uma vítima. Temos histórias de vidas, frustrações de expectativas e dores”.
“Hoje vejo que apesar do desgaste emocional nos atendimentos, saí muito fortalecida e ao mesmo tempo mais sensível, com mais empatia. Ninguém entra na polícia e permanece igual. Lidamos com o risco, com a vulnerabilidade, com o estresse, mas, cuidando do nosso psicológico, temos como nos fortalecermos e vencermos nossas próprias vulnerabilidades”, completou.
Dulcineia sente que hoje pode inspirar muitas outras mulheres que têm a carreira policial como escolha. Ela conta que percebe, na formação de novos policiais, o quanto as mulheres que estão no processo de entrar na Polícia Civil se inspiram naquelas que já estão na instituição. No caso dela, a mãe foi sua inspiração, que também era servidora pública e significa, até hoje, uma referência para agir de forma ponderada, sensata e justa.
“É isso que tento transmitir: mostrar que a polícia é um ambiente difícil, mas possível para nós quando nos dedicamos e abraçamos nossas responsabilidades, onde quer que estejamos”, declarou.
Difícil, mas nunca impossível
A atriz Quitéria Kelly, que alcançou destaque nas telas em novelas nas quais o Brasil todo é espectador, também acredita que os sonhos são totalmente possíveis. Andando pelo caminho da arte, ela diz que nem sempre encontrou flores, mas também barreiras as quais teve que ultrapassar. “Não foi fácil. Não será um caminho fácil enquanto arte não for prioridade na educação, na formação das pessoas, no cotidiano das pessoas. Ainda é uma arte elitista, não é todo mundo que tem acesso. Foi difícil, mas eu tive a sorte de ter uma mãe que sempre me apoiou”, disse.
O “difícil, mas nunca impossível” faz parte de sua vida enquanto atriz e de trajetórias de outras mulheres que escolhem seguir o rumo artístico. Ela conta que outras colegas do ramo não puderam ter a mesma oportunidade, mas hoje ela continua por aquelas que não conseguiram prosseguir junto com ela.
“Eu vejo com muita alegria a representatividade feminina nas telas, tanto do cinema quanto da TV, porque esse era um caminho que até pouco tempo era impossível para a gente, e essa porta vem se abrindo, mostrando talentos incríveis, e que eu acho que é muito importante, principalmente porque é uma porta que se abre para gerações futuras, e o nosso estado tem artistas maravilhosos”, afirma.
Para ela, é até difícil listar todas as mulheres que foram inspiradoras em sua jornada. Enquanto ela define a mãe como sua base, que vai além de ser só uma inspiração, ela relembra as artistas, atrizes e poetisas que encontrou na vida. “Eu sou composta por esses pedacinhos de mulheres que eu fui encontrando no meio do caminho, então eu poderia falar de muitos nomes”, diz e lembra especialmente da poetisa Iracema Macedo e a mestre-palhaça Delvane Néia, que foi sua professora e desde os 15 anos tem sido inspiração.
Já quando se fala sobre o “ser inspiração para alguém”, Quitéria afirma que não sabe se já inspira outras mulheres, mas “se existe alguma inspiração que eu possa passar adiante, é pelo fato de fazer teatro, uma arte que ainda atinge pouco o público, que ainda é pequeno em comparação a outras artes. Criar duas filhas fazendo a minha arte, ter o meu lugar, me manter e sobreviver fazendo teatro talvez inspire outras meninas mais jovens que estão vindo na geração depois da minha”, ressalta.
Ser mulher é sinônimo de persistência
Herculana Torres é professora na Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ECT/UFRN) e crê que podemos alcançar tudo com dedicação. Para ela, as palavras “persistência” e “mulher” andam juntas e isso é sinônimo de tantos anos de luta pelos direitos femininos e pela igualdade.
Professora há nove anos, não foi Herculana quem decidiu seguir essa profissão, foi a docência que a escolheu. Inicialmente, ela queria seguir a carreira na área da indústria química, mas, com a oportunidade de fazer mestrado e doutorado, se apaixonou pela carreira acadêmica “e foi aí que decidi ser professora”, disse.
Esse ambiente de ensino e aprendizagem foi conquistado a partir de desafios, conta ela. “Não é uma das profissões mais valorizadas pela sociedade, mas isso não me abala, tento ser o melhor que posso, tentando entender como posso fazer para que meus alunos saiam das minhas aulas recarregados e com motivação para seguirem seus sonhos”, afirmou.
Para Herculana, ocupar o cargo de professora é um privilégio e quando surge um obstáculo no caminho, é nesse pensamento em que ela se apoia. “Tento fazer disso combustível. Hoje temos mais ferramentas disponíveis e acessíveis e devemos usá-las sempre na intenção de melhorar e seguir em frente”, completou.
A docente se sente inspirada à mesma medida que inspira outras mulheres, seja na área de Ciências e Tecnologia ou no espaço de ensino. “Espero que inspire. Sou professora, esposa, mãe de duas meninas e me sinto realizada em tudo que conquistei. Minha mãe [me inspirou], ela enfrentou tantos desafios, mesmo assim conseguiu dar o seu melhor e hoje eu enxergo como ela se dedicou”, concluiu.

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