“A reforma política serve para manter quem está no poder”, diz presidente da União dos Vereadores do Brasil
Gilson Conzatti discute reforma política, participação feminina e a evolução do eleitor brasileiro à véspera da Marcha dos Vereadores em Brasília
23/03/2024 08:22
“A reforma política é uma utopia. A cada dois anos se entra nesse tema, e as reformas políticas são para man- ter quem está no poder”, afirmou o presidente da União dos Vereadores do Brasil (UVB), Gilson Conzatti, ao demonstrar suas reservas quanto à realização da reforma eleitoral, cogitada nas últimas semanas dentro do Congresso Nacional. Para ele, apesar de ser frequentemente discutida, essa reforma não deve sair do papel tão cedo e a falta de avanço é uma utopia que se assemelha à longa discussão sobre a reforma tributária.
“A cada dois anos se entra nesse tema, e o que eu vejo com as reformas políticas é para manter quem está no poder. A política tem muita gente boa, que não participa por causa de uma ima- gem distorcida ou real. Esse ano tem a cota para o Fundo Partidário, em que as mulheres têm 30% dele, mas não chegam muitas vezes porque os partidos ajeitam formas de dizer que foi investido em propaganda, em comunicação ou em assessoria jurídica. E o percentual desse recurso, extraordinário esse ano, quem é que vai distribuir são os deputados federais”, disse, em entrevista à 94 FM nesta sexta-feira 22.
Para Conzatti, a crescente transformação do eleitor brasileiro também foi abordada pelo presidente da UVB. Conzatti reconhece o aumento da vigilância e fiscalização por parte do eleitor, impulsionados pelas redes sociais. “O vereador está mudando a vida da cidade, e as pessoas estão prestando mais atenção nos mandatos”, afirma ele, destacando a importância da comunicação facilitada pelas mídias sociais no amadurecimento político.
Quanto às cotas para mulheres na política, Conzatti revela uma mudança em sua percepção pessoal. “Hoje eu entendo que a dificuldade das mulheres na política é que os homens muitas vezes não querem as mulheres na política”, afirma. Ele condena a prática de candidaturas laranjas, descrevendo-as como uma violência contra a mulher.
MARCHA DOS VEREADORES
Com a proximidade da Marcha dos Vereadores, que ocorrerá entre os dias 23 a 26 de abril em Brasília, Conzat- ti enfatiza a importância do evento para fortalecer o par- lamento municipal. “A marcha não é apenas um curso, é um grande movimento, uma inte- gração entre várias culturas e realidades do Brasil”, destaca.
O evento, que será realizado no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, terá a participação limitada a 4 mil vereadores. Conzatti explica que a restrição se deve ao espaço físico, mas ressalta a importância do encontro para promover a comunicação e troca de experiências entre os parlamentares de diferentes regiões do país.
“A marcha é uma oportunidade para os vereadores se comunicarem, se integrarem e trocarem informações”, afirma Conzatti, destacando que a integração é crucial para compartilhar projetos bem-sucedidos e aprimorar os mandatos. Ele enfatiza que o objetivo principal é mostrar a existência e a importância do parlamento municipal no cená- rio político brasileiro.
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